Por Hyeronimus Rarg
CAPÍTULO I: O INÍCIO
O Warbirds me foi apresentado no início de 1997 pelos amigos Ottc e Mlot, que já voavam há uns dois meses na arena e pleiteavam uma vaga no exclusivíssimo e prestigiado esquadrão Jambock – Eu nunca soube se aquela história de sentar na pua era levada a sério, mas o fato é que a diciplina rígida dos avestruzes e as SM de madrugada não me pareceram divertidas. Além do mais, o comandante deles exercia sua autoridade com mão-de-ferro, o que tornava sua masturbação potencialmente perigosa.
Eu queria uma diversão menos controlada e então propus a Ottc e Mlot a criação de um novo esquadrão brasileiro, que ficaria sob o comando de um dos dois. Eles acharam que era cedo demais para pensar nessa idéia e preferiram continuar no Jambock, que já se apresentava organizado taticamente e era respeitado na arena. Assim, não me restou outra alternativa senão ser o comandante, apesar de meu reconhecido despreparo técnico e tático e da minha inexperiência no comando do ar. De qualquer forma, o novo esquadrão que estava para surgir deveria ser um contraponto ao estilo formal imposto pelo Jambock. Seríamos cães vadios à procura de ação, como sintetizaria soberbamente o mano Bala .
A princípio, eu cogitei em chamar o esquadrão de FOGO NA JACA, porque era um grito de guerra que soava gaiato e era uma expressão de época que calhava bem no espírito da Segunda Guerra. Cobinava de certa forma com PIF-PAF e ROMPE-MATO, mas não me prendia a nenhuma referência real, permitindo que eu criasse algo original e inventasse minha própria história. Mas eu queria um nome que fosse reconhecido internacionalmente, um codinome curto, que fosse facilmente assimilável por todos da arena e soasse como algo vibrante. Algo assim como... NAJACK!
O esquadrão já tinha um nome, mas faltava ser criado oficialmente. Meu irmão Bala aceitou a missão de ser o primeiro invitado no voo histórico de 20 de abril de 1997. O mano ficaria incumbido do comando das missões on-line, tendo em vista sua seriedade e aplicação no cumprimento do dever. Ele, desde o início, foi um cão sério- algo como um pastor alemão fugido do canil da Polícia Militar.
Como o ingresso
de um candidato no esquadrão jamais foi submetido a qualquer
pré-requisito de ordem técnica – por questão
de princípios - o
Najack cresceu e se tornou a pátria dos novatos e dos muitos
que tentaram a sorte no Jambock sem sucesso. O despreparo técnico
da matilha fez com que Bala assumisse a tarefa ingrata de treinar
o pessoal, já que ele tinha a vocação genética
de tentar por ordem no caos. Mas Bala sofria a pressão de
ser irmão de uma lenda... e um dia ele desertou sem dizer
adeus.
O Najack deve muito a
ele, primeiro por seu mérito como treinador, depois por sua
condição de alvo móvel no Jambock. Mesmo sendo um grupo unido, o Najack era incapaz de atuar coletivamente na arena com eficiência e seu desempenho era patético se comparado com outros esquadrões. O próprio comandante raramente conseguia realizar uma decolagem sem se esborrachar na pista e tinha dificuldade em escrever mensagens pelo rádio e voar ao mesmo tempo. A tarefa de dirigir as missões era revezada entre os oficiais mais graduados e experientes, que se desesperavam com a dificuldade que os cães tinham de cumprir suas tarefas com um mínimo de dignidade. Ao final das SM, as mínimas conquistas eram festejadas com entusiasmo e a tomada de um simples “field” já era motivo para se entregar à bebida e sair fazendo loucuras noite a dentro.
Continue lendo o Capítulo II.
|